Um conto de Halloween

Há muito tempo atrás, existia numa cidadezinha do interior uma pequena praça onde todos os cidadãos reuniam-se para socializar-se. Como um dos primeiros estabelecimentos comerciais da cidade era uma livraria chamada Rostolivros e a praça foi instalada bem em frente a livraria, a praça passou a ser conhecida como Praça da Rostolivros.

Tudo correu muito bem durante anos, até que um dia aconteceu algo terrível naquela praça. Uma senhora idosa muito respeitada na cidade foi brutalmente assassinada em pleno coreto. Ela se chamava Beth Cass.

Dali em diante, coisas sinistras começaram a acontecer na Praça da Rostolivros. Protestos contra a violência que eram violentos; campanhas para proteção de animais cujos organizadores maltratavam pessoas; milhares de gatos saíram de repente de vários buracos no chão e invadiram a cidade; militantes religiosos surgiram alertando sobre o fim do mundo; equipes de televisão começaram a noticiar com frequência as esquisitices daquela praça.
Um Coreto

Então, pesquisadores de diversas áreas, oriundos dos quatro cantos do globo, confluíram para aquele pitoresco cenário na tentativa de desvendar o mistério da Praça da Rostolivros.

Isso piorou a situação. Alguns comentários científicos tornaram-se munição de grosso calibre nas mãos dos fanáticos religiosos. Do outro lado, disputas para saber quem estava com a razão se transformaram em verdadeiras batalhas campais. A bucólica praça do interior, virou uma praça de guerra.

Perto do Halloween, as tensões aumentaram significativamente, e black-blocs fantasiados de monstros quebraram as lojas e os bancos e invadiram as casas para sequestrar os bichos de estimação das pessoas.

No Halloween, um homem muito alto e sem rosto apareceu vestindo roupas típicas alemãs. Ele usou um iPhone tocando músicas da Galinha Pintadinha e raptou todas as crianças da cidade. De quebra, pássaros nervosos e porcos verdes o protegeram, atacando quem tentou persegui-lo. Foi o caos!

A polícia e as Forças Armadas foram acionadas. Centenas de homens e equipamentos foram deslocados para o local para tentar conter aquele tumulto. O prefeito estava prestes a declarar estado de emergência quando um vírus de computador fez os veículos vazarem seu combustível que entrou em contato com o chão amaldiçoado da cidade, transformando todos os cavalos da operação em cavalos egípcios verdes flutuantes e os cães farejadores em girafas demoníacas assaltantes de geladeira.

Parecia ser o fim, e não haver mais nenhuma solução quando uma luz surgiu vinda dos céus e disse:

- Beth Cass não morreu. Ela apenas mudou-se para uma cidade menos ignorante. Vocês estão tendo uma crise de histeria coletiva. Parem com essa bobagem e voltem às suas vidas normais!

O povo parou por um instante absorvendo a cálida e confortante energia daquela divina luz azulada. Mas quando parecia que as coisas iriam se ajeitar, alguém gritou:

- Não é a voz de Deus, são extraterrestres evangélicos que vão nos transformar em zumbis!

E começou tudo de novo...

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Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com fatos ou lugares que você conheça, é coisa da sua cabeça.

Juliano G. Leal
MARP

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