Efeito 41-Paradoxo que quebra um paradigma
Mobilização. Uma palavra que traz em si uma característica forte, um poder intrínseco, um friozinho na barriga, misto de aventura e responsabilidade, compromisso e perigo, risco calculado de lucros e danos.
Alicerçado numa metáfora puramente masculina e simplista, vou ilustrar um princípio poderoso e universal, de forma clara e abrangente, para grifar bem o paradoxo e destruir (ou pelo menos detonar bastante) o paradigma.
Qual é o paradoxo? Um bilhão pode ser e agir como um único ser. E não se reconhecer. Não ter nenhum poder.
Qual é o paradigma? Tem mais poder quem tem “um bilhão”.
A metáfora
Dentro de um quartel comum numa zona estratégica, convivem diariamente juntos uns mil militares. Destes, uns 750 calçam coturno nº41, o resto se vira do 36 ao 43, com um ou dois homens calçando 44/45. Desses mil, uns 700 são soldados, cabos e sargentos, ou seja, os postos mais baixos. Dos mil, uns 850 homens estão insatisfeitos com seus coturnos, e se queixam do mesmo problema. São a vasta maioria.
Felizmente, o coturno do comandante não incomoda. E o do intendente (que faz as compras de material e comida), também não! Eles ouvem o queixume da tropa e decidem: “Motim! Temos que punir a tropa para evitar o caos!”.
E assim se faz.
Agora, cogitemos uma alternativa a esse desfecho. Começando pelo fim, ao invés de se queixar ao comando, dois ou três colegas conversam informalmente com os outros e reúnem informações sobre os problemas com os coturnos. Depois disso, eles pedem autorização de um comandante imediato para mandar o relatório ao fabricante dos coturnos informalmente, como uma sugestão. Esse comandante de Grupo (um tenente por exemplo), compra a briga dos “de baixo”, e a fábrica decide visitar o quartel.
Durante uma reunião no refeitório, todos os queixosos se manifestam e fica óbvio que se uma mudança geral não é possível, pelo menos no nº41 é obrigatória. Como o contingente de 41 é enorme, acaba sendo economicamente viável para o fabricante mudar tudo em todos. Alegria geral graças ao EFEITO 41.
Aplicação
A mola deste princípio é o “problema de todos”. E a solução é a mobilização firme e objetiva. Devemos evitar ao máximo o confronto com pessoas que estão socialmente “acima” e resolver o máximo do processo “em baixo”, trazendo soluções semiprontas, quase resolvidas para os líderes. Se formos realmente inteligentes, nossos líderes só precisarão dizer ‘sim’ ou ‘não’ para nossos projetos e idéias. Entretanto, isso se torna mais fácil quando essa idéia vem amparada nos ombros de um grupo, e esse grupo mostra fidelidade e apoio ao líder. Isso chega ao coração do líder como segurança e respeito, e volta como confiança e autonomia.
Raros são os casos em que a mentalidade de facilitador não obteve êxito. Nesses casos os líderes demonstravam uma clara inabilidade de estar no cargo que ocupavam, o que gera neles uma tremenda insegurança. O medo de errar está sempre presente e o espírito da inovação e do empreendimento não existe. É fácil identificar essa espécie através de frases do tipo a seguir, com respostas que se usadas, endoidecem o interlocutor:
Já tentamos e não deu certo. (Será que tentaram mesmo?)
Fulano fez isso e se deu mal. (Fulano sabia o quê estava fazendo?)
Em time que está ganhando não se mexe. (Nem quando o Ronaldinho se machuca?)
Sempre foi assim, pra que mudar agora. (Se nunca mudou, quando sair apague as velas...)
Meu avô fez assim, meu pai fez... (Gabrié-éla)
Não se meta numa área que só diz respeito à chefia. (Ótimo, quando se ferrarem estaremos juntos, não é mesmo...)
Cuide do seu trabalho. (O correto não seria ‘vamos cuidar do nosso’?)
“Os Valores desta empresa são o Exemplo e a Tradição dos nossos fundadores.”. (Sem problema. Que exemplo e que tradição são essas mesmo?)
E existem muitas outras que você já deve ter escutado. O que importa é saber se você pode fazer ou não algo em prol do todo. Pessoas como as que usam as frases acima sempre vão existir. E se os que têm o tino da mobilização ficarem apenas sonhando com sua Utopia, o time dos Burrinhos de Padeiro, vai definir as regras do jogo, onde será o jogo e quem vai jogar, mesmo que eles percam o jogo ou joguem muito mal. E talvez nem merecessem jogar.
O problema é que as épocas passam e apenas poucos se mobilizaram. E quando isso aconteceu, eles derrubaram Nabucodonosor, Alexandre, Napoleão, o Regime Czarista, Hitler, a Ditadura, Collor.
Com mobilização se construiu o Templo de Salomão, Nostradamus livrou a Europa da peste negra, se reconstruiu a Alemanha no pós-guerra, Israel se tornou um Estado autônomo, o Brasil ficou independente, foi criado o software livre e o Linux se tornou um gigante, erradicou-se a poliomielite, e várias outras doenças via campanha de vacinação, e muito mais.
Claro que existe a mobilização para o mal, mas ela pode ser vencida e superada por uma simples idéia boa, dita e feita na hora certa, pelas pessoas que estiverem realmente comprometidas com ela, e cuja recompensa esperada seja primeiro, o bem de todos.
Calcem eles 41 ou não!
Mobilizemo-nos, e mudaremos as nossas vidas. E tudo mais que pudermos mudar pra melhor, para o nosso próprio bem.
Juliano Leal, MRM-MARP.
Graça e paz querido
ResponderExcluirGostei muito de suas colocações, e elas demonstram a realidade em que vive boa parte das pessoas, incluindo nossos amados irmãos.
Shalom