Coisas que aprendi na igreja - Parte IV

Quem acompanha o blog sabe que o propósito dessa série não é de criticar pessoas, mas sim as atitudes que NÓS, igreja, temos muitas vezes, e fazer com que nos reavaliemos e tomemos uma atitude de mudança segundo os padrões de Deus, olhando para a consequencia das nossas atitudes más, antes de elas chegarem, evitando a causa da dor e parando como mau costume de remediar o pecado, acostumando-nos a prevení-lo.

Esse fato que vou narrar foi uma das experiencias mais doloridas que já tive. Hoje tenho paz com Deus em relação a isso, mas sofri durante alguns anos com a dúvida e a incerteza. Os lugares e a situação foram adaptados mas o cerne da história continuou intacto.

Um rapaz que eu havia ajudado a evangelizar e discipular começou a ter problemas no trabalho e nós haviamos nos distanciado por várias razões. Mas eu acreditava que isso era normal, pois todo o novo convertido passa por um período de limpeza e consagração no início da caminhada, o que às vezes inclui perder o emprego que veio de um jeito ilícito para começar em outro do jeito de Deus.

Entretanto um tempo depois, soube que na igreja em que havia escolhido congregar, havia conhecido uma moça cristã e estava namorando. No início a família da moça apoiou o relacionamento e achou muito bom. Mas quando houve da parte dele uma sinalização de que podia mudar de emprego a coisa começou a entornar.

Não fosse o suficiente, uma parte da família dela começou a complicar a vida do rapaz por ele ser negro. Essa parte da família era crente de uma facção bem radical dos evangélicos pentecostais.

Debaixo do stress, os dois começaram a buscar consolo um no outro, e com a falta de acompanhamento adequado, somado a uma igreja que ao invés de te erguer, te achata, eles engravidaram.

Stress multiplicado por quatro, devido ao abandono ministerial, racismo, falta de amor, incoerencia de atitudes, maledicência, abuso de autoridade (no trabalho E na igreja), e uma dose (mínima) de ataque espiritual direto, fizeram o rapaz sucumbir.

Numa noite de hora-extra, os problemas lhe subiram ao topo, fazendo falhar o raciocínio, levando consigo o discernimento e a esperança. No local de trabalho, derramou o próprio sangue, pondo fim à sua vida.

No velório, de caixão fechado, se ouvia a enrolação e a ladainha dúbia de "quem sabe deu tempo de se arrepender", já que pouquíssimos pastores sabem proceder num funeral de um suicida. Alguns dos assassínos estavam presentes chorando sua vítima. Seria remorso? Culpa? Ou lágrimas de crocodilo?

Na igreja eu entendi na prática as palavras de João: "Aquele que diz que ama a Deus mas odeia seu irmão, É um assassino".

Juliano Leal - MRM/MARP

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