Cristão? De onde?
Dois cristãos se encontram e começam a conversar sem saber que são cristãos, mas aos poucos o assunto e o testificar do Espírito faz com que eles descubram-se e a pergunta do título aparece. Infelizmente na maioria das vezes, ao descobrirem as denominações um do outro, a conversa que vinha fluindo numa boa, se enche de filtros e polimentos para não ofender o outro, ou na pior das hipóteses, se enche de agulhadas e indiretas.
Por isso, comecei a pensar e orar por uma maneira de nos referirmos a certos grupos cristãos de um jeito que demonstre as suas coisas em comum, aquilo que une, que realce as semelhanças, ao invés de reforçar e enfatizar as diferenças, ou classificando antropológicamente, rachando a igreja em castas com base na ciência e na história, como tem ocorrido.
Comecei a olhar para uma família. A minha família. Já que a igreja é uma família. E dentro da família tem de tudo, mas temos o sangue em comum. E uma das únicas coisas que une a família são festas ou tragédias. Com a igreja começa a acontecer a mesma coisa.
Agora, um outro exemplo bom de unidade vem dos judeus. Existem várias correntes de pensamento dentro do judaísmo, mas todos se unem contra o inimigo comum, respeitando as suas diferenças, mas sem valorizá-las ao ponto de se separarem. Se um assunto vai separá-los eles entregam o assunto para os rabinos estudarem e continuam juntos!
Com os islâmicos acontece parecido, a diferença é que os sheiks estudam, decidem e impõem o que deve ser feito, o povo nem discute. Igual ao catolicismo medieval.
E é justamente a poeira de comportamentos assim, misturados com muitos outros, que povoa a igreja hoje, fazendo do Cristianismo a maior sopa de letrinhas de toda a história.
Mas afinal de contas, que festas que nós temos para nos unirmos como família, mesmo que o tio fale da barriga do primo, ou a cunhada fale do cabelo e do vestido da sogra do irmão do marido? Temos uma festa? Temos várias, mas não celebramos. E nossa família sofre as consequências.
Nos reconhecendo e respeitando pela postura na adoração em conjunto
Como é o que mais aparece durante um culto, é um fator fácil de ponderar e se identificar. Logo, eu posso saber se consigo ou não conviver com aquela pessoa ou meio, ou o que tenho em comum com eles. E se eu buscar o que temos em comum, a coisa já começa a melhorar.
Eu pessoalmente enxergo quatro grandes grupos na igreja hoje. Existem igrejas que são muito diferentes em relação a doutrina, mas que adoram na congregação do mesmo jeito! A seguir, os quatro grupos com alguns exemplos (comentários e observações são muito bem-vindos):
Tradicionais
Usam hinário, liturgia no culto, são exigentes em termos de horário, e o comportamento normalmente é idêntico em todas as igrejas da mesma denominação. Os cânticos mantém uma tônica mediana, nem muito lentos nem muito animados. São extremamente influenciados pela música gospel comercial dos Estados Unidos, dando preferência sempre a quem é da mesma denominação. Ex.: Batistas, Adventistas, Luteranos.
Conservadores
Diferentes dos tradicionais por terem em sua maioria saído dali. Exigentes em termos de vestuário e com um culto muito centrado nas manifestações espirituais, tem seu forte em ritmos populares e em cantores que trazem cânticos especiais acompanhados de play-backs. Também usam hinários e na maioria das vezes o povo dessas igrejas desconhece a amplitude da música gospel mundial, dando maior oportunidade aos talentos locais. Ex.: Assembléia de Deus, Deus é amor, Congregação Cristã.
Moderados
Ministram o povo à base de recomendações, não fazem exigências nos cultos públicos. São extremamente organizados nas reuniões. Crêem que as curas divinas, os testemunhos públicos de graças e as ofertas são parte imprescindível da adoração. As músicas são pinçadas de todos os nichos do gospel e executadas por músicos profissionais sempre. Ex.: Internacional da Graça, Renascer em Cristo.
Radicais
Todas as ministrações são feitas estritamente com base nas escrituras. Tem um culto mais informal, com músicas que falam quase sempre só de adoração. As reuniões são marcadas por um ambiente colorido, com danças, instrumentos de todo tipo, inclusive exóticos, e total liberdade das pessoas se manifestarem nas reuniões. São extremamente exigentes quanto ao comportamento e ao caráter demonstrado pelas pessoas fora da igreja. Não se importam muito com roupas etc, mas exigem decência e ética muito mais que os outros. Seu maior anseio é ser cada vez mais parecidos com os cristãos primitivos. Ex.: INSEJEC, Bola de Neve Church.
Claro que a adoração no culto reflete muito das doutrinas pregadas nessas igrejas, mas é muito legal ver que talvez você ache que a sua não tem nada a ver com essa ou aquela, e vocês no fim das contas tem um jeito muito semelhante de se aproximar de Deus quando é para adorar em grupo.
Pare de procurar diferenças que a unidade fica bem mais fácil. Aí quem sabe você esteja preparado para experimentar um novo nível de comunhão com Deus nas festas que Ele instituiu. Quer saber quais são? Aguarde!
Juliano Leal - MRM/MARP
Comentários
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