O Fantasma da Ópera

Você já deve ter ouvido falar nesse musical da Brodway criado por Sir Andrew Lloyd Weber, onde um menino abandonado e com rosto deformado, é criado às escondidas nas profundezas de um superteatro, e com o passar do tempo, aprende a cantar, mas como tem um tremendo complexo de inferioridade e rejeição, só aparece furtivamente usando truques de cena. E de repente, surge Christine, um talento relâmpago que rouba a cena e desbanca a 1º soprano do teatro.

Ele então aparece pra Christine num espelho e começa a ensiná-la com toda a experiência que acumulou durante a vida no seu claustro artístico. E se apaixona por ela. Ou pelo que ela representa. Sua obra está tendo a chance de ser vista. Mas ele não quer mais ficar no anonimato, e perde os escrúpulos na tentativa de fazer seu talento reconhecido, aterrorizando o teatro. Ele agora se achava dono do teatro, dono dos artistas e dono do espetáculo. Ele achava que era parte da essência e da estrutura de tudo que acontecia ali, então se não fosse como ele queria, não ia ser de jeito nenhum!

O fim da história é triste, mas ensina muito bem o que o perfeccionismo e a obsessão por qualquer coisa podem fazer. O desejo descontrolado, a possessividade projetada no que não existe, desenvolvida sobre algo imaginário, ira desproporcional e violência inconsequente. Frutos de uma ferida não tratada e um trauma alimentado por medidas paliativas.

Hoje temos entre nossos líderes na igreja, milhares de fantasmas da ópera. São homens que descem de linhagens pastorais, que cresceram dentro dos calabouços dos templos e hoje se acham donos de tudo. Muitos não tiveram escolha. Estão no ministério apenas para "concluir o que meu pai começou". E são destruidores de vidas, literalmente.

Muitos deles se tornam assassinos de ministérios, pois não podem dar algo diferente do que receberam. Foram sempre manipulados e dirigidos pela "sabedoria" humana. Agora, adultos e velhos, feridos, só tem pús para derramar sobre os seus liderados.

Vendo toda sua obra ir por água abaixo, o fantasma vê Christine ir embora nos braços de Raoul, o benfeitor do teatro de ópera, dando pra ele um olhar que mistura pena e nojo. Ele chora sozinho, percebendo que ela poderia tê-lo ajudado se ele fosse honesto e não tentasse fazer do jeito dele, e que jogou fora todas as boas oportunidades que teria.

Hoje ao deixarmos certas igrejas, vemos a mesma face de agonia nos líderes que estamos deixando pra trás. E muitas vezes nossa cara é só de nojo, outras vezes de nojo e ódio, raiva, rancor, mágoa e tudo de ruim que eles nos passaram e agora invés de arrumarmos a situação, estamos levando conosco para outro relacionamento, iniciando um ciclo maligno.

Se você é liderado por um "fantasma", busque de Deus uma maneira de ajudá-lo. Seja amigo, escute, seja firme em suas posturas na Palavra. Ame.

Se você sente que, como diz na música "o fantasma da ópera está lá, escondido nas profundezas", faça ele sair de dentro de você, jogue fora essa dor, pegue a cruz e entregue o fardo, deixe o Espírito de Deus mexer no seu coração, comandar o espetáculo, e fazer você brilhar com a glória de Deus. Antes que você derrube o lustre...

Juliano Leal - MRM/MARP

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