Coisas que aprendi na igreja - Parte XI
Era início dos anos 90. Durante o final do ano surgiram alguns estudos e artigos na recém descoberta internet, alarmando o povo sobre o verdadeiro significado dos símbolos corriqueiros do Natal. Imediatamente se iniciaram estudos e debates acirrados para saber o que era verdade e o que não era naquilo tudo.
Paladinos da pureza da adoração começaram uma guerra santa contra os advogados da Tradição. Mais cedo ou mais tarde a liderança da igreja teria que emitir uma posição a respeito da controvérsia. E qualquer que fosse a posição assumida, o preço seria alto, pois ambos os grupos que estavam discutindo já estavam dando ultimatos na liderança.
Antes de prosseguir com a narrativa e contar o desfecho, deixe-me dizer que isso se repetiu em várias igrejas das mais diversas denominações pelos anos que se seguiram e o resultado na maioria delas foi o mesmo.
No final de um culto o pastor declarou que na próxima reunião a posição da igreja seria esclarecida naquele assunto.
O dia chegou e nada foi dito. Apenas visto. Uma árvore de Natal (que era o cerne da discussão), de uns cinco metros de altura foi montada e ricamente adornada no altar da igreja.
E nos dias que se seguiram, nada mais foi dito. Algumas pessoas tentaram continuar dialogando e procurando entender a postura de continuar fazendo sem dar explicações, outras quiseram confrontar a liderança. O resultado foi trágico. Uma evasão enorme de membros por causa de um assunto supérfluo. Algo que poderia ser certamente evitado. Uma bobagem!
Hoje, vemos que muitas denominações novas se formaram, reformulando completamente os costumes e banindo completamente certas comemorações ao invés de se livrarem apenas do que era errado.
Ambos os lados estavam errados. Atitudes radicais levadas a extremos opostos, impediram o agir de Deus em um momento que, creio eu, era para gerar edificação e santidade na igreja.
Acredito que algumas comunidades isoladas conseguiram encontrar o equilíbrio na questão, mas eu conheci bem poucas, pra ser franco, duas ou três.
O que esses grupos que brigaram por causa de uma idiotice tinham em comum? Ambos diziam que ouviam e obedeciam a vontade e a instrução de Deus.
Acredito neles. Só não sei de qual deus eles estavam falando, porque do meu é que não era...
Juliano G. Leal - MRM/MARP
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