Serpentes à bordo...
Essa é uma história sobre pessoas. Que se apresentam como pessoas, mas tem em si os genes das serpentes. E como elas tem espalhado seu veneno lentamente nos inocentes. Leia até o final com cuidado, pois você pode estar sendo envenenado e nem percebeu.
Mas não se preocupe. Há um antídoto. Mas para aplicá-lo, primeiro terá que descobrir de onde ele vem, ou seja, terá que descobrir quem é a serpente e como ela se disfarça.
Durante muito tempo no meio cristão, principalmente no nicho gospel brazuca, se atribuía 99% das mazelas do povo ao diabo. Pela eficácia da guerra espiritual ser tanta que cada crente conseguiria se libertar sozinho, as igrejotas tiveram que arrumar um novo jeito de pegar uma grana por fora e trouxeram de volta os sacrifícios em nome da prosperidade.
E a culpa das mazelas deixou de ser do diabo para ser da falta de sacrifícios.
Acontece, que da mesma forma que acontecia em povos antigos em que haviam sacrifícios humanos para manter o poder do império, nesses muquifos espirituais fantasiados de palácios, é exatamente igual.
Já naquele tempo, em nosso passado remoto, os gurus vestiam a carapuça do bicho mais temido ou assustador para transmitir um recado ao povo: "É disso que você tem medo? Eu controlo isso, então tenha mais medo de mim!"
Depois de dominar a arte de manipular os demônios durante décadas, hoje o povo teme os nossos encantadores de serpentes tupiniquins, e sem perceber, não apenas os temem como tem servido de alimento às piores víboras que já rastejaram sobre a face da terra.
Em 2006, foi lançado um filme chamado "Serpentes à bordo", que trata de uma tentativa de homicídio planejada por um criminoso, que solta serpentes num avião para que elas matem ou derrubem o avião, matando a principal testemunha no caso em que ele era acusado.
O jogo de idéias entre as serpentes e as atitudes do criminoso não passam despercebidas. Ainda hoje nas igrejas, a principal característica das serpentes é eliminar as testemunhas que se levantam contra seus atos reprováveis.
Mas tem mais, serpentes são rasteiras e silenciosas. São especialistas em se aproximar da presa sem alarde. Algumas espécies chegam a fazer o mesmo barulho de outros bichos para confundirem a presa na sua aproximação. São como pretensos pastores que aterrissam sorrateiramente em pequenas igrejas cheios de sinais e prodígios, prometendo céus e terra, trazendo revelações, dando profecias e fazendo muito fiasco, ou seja, imitando o barulho dos outros, pra bem no fim, crau! Dar o bote fatal!
Outras serpentes são empertigadas, como as najas do deserto. Muitos dizem que elas conseguem hipnotizar suas vítimas. Esses são as pessoas sedutoras que chegam arrasando e atraem os holofotes e a veneração da platéia. Mas no fim, eles estão ali só pelo dinheiro, e todo esse carisma não passa de uma preparação para injetar o veneno. E o bote de uma naja é tão veloz que quando você perceber, ela já foi e seu corpo começa a sentir o efeito e já era!
Existem também as mais lentas, e nem por isso menos perigosas. Essas preferem se aproximar bastante da vítima e enrolar aos poucos até que a morte chega por sufocamento. Essas são grandes e fortes. Nomes pré-selecionados para assumir ministérios.
Estes gostam de ficar nas árvores, nos lugares altos, próximos dos líderes, que certamente são seus alvos.
Um traço evidente da primeira serpente, que queria subir ao lugar mais alto e se exaltar acima do próprio criador.
E o que dizer das lendárias? As mitológicas, assustadoras, poderosas, impiedosas e que todos creem que não existem, até o belo dia em que elas são descobertas centenárias e escondidas numa Câmara Secreta. Não se enganem, as lendárias são as que produzem os ovos que geram as outras serpentes que eu citei acima. Já ouviu a expressão "filhote de cruz-credo"? Pois bem, te apresento a própria cruz-credo. E como nos livros e filmes, essas são as mais difíceis de matar. Só com armas meticulosas e quase mágicas, como muita sabedoria e uma vida irrepreensível, pois essas serpentes normalmente tem muito poder na mão. Mandam e desmandam em muita gente e tem ferramentas tão letais à sua disposição que fazem veneno de Basilisco virar suco de morango...
E por último, mas não menos importantes, temos as inocentes. Essas são uma verdadeira praga. Elas são aparentemente inofensivas, pequenas, frágeis, não damos a mínima pra elas e às vezes inclusive as subestimamos. Para nossa ruína! Elas podem ter o veneno tão letal quanto uma lendária. O problema é que muitas vezes o veneno da inocente não mata, mas te aprisiona num círculo vicioso de dependência emocional e te põe num estado vegetativo sendo permanentemente vampirizado no ninho dela.
Mas tanto João Batista, quanto Jesus, já nos deram uma bela aula de como lidar com todo o tipo de serpentes, basta que voltemos à Palavra e comecemos a usar o antídoto nelas. Se aparecer um Basilisco, temos uma espada muito poderosa pra usar nele, que é apta para discernir até os propósitos e desejos do coração.
Abra os olhos, investigue e derrube as serpentes de bordo. Antes que elas consigam levar a cabo o plano do pior criminoso de todos os tempos, a primeira serpente, o dragão, que veio só para roubar, matar e destruir.
Juliano G. Leal
MRM/MARP
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