Coisas que aprendi na Igreja - Parte XIX

Faz tempo que não escrevo um "Coisas". O que no fundo é bom, já que essa coluna normalmente é pra descer a lenha no mal comportamento das igrejas. Então, não custa relembrar, que a coluna é escrita com o propósito de promover reflexão e auto-análise. Nunca expus ninguém aqui. todas as histórias contadas são escritas de um jeito que se entenda a situação, mas dificilmente se identifique onde ou com quem aconteceu.

Como as histórias são fatos reais com nomes trocados ou contos baseados neles, eventualmente pessoas mais próximas a mim ou que tenham vivenciado situações semelhantes podem achar que estou falando de algo específico. Até pode ser. Contudo, situações difíceis do convívio humano são mais comuns do que você está querendo ver. E se repetem em muitos lugares com muitas pessoas. O fato de eu usar o verbo "aprendi" no título não quer dizer "aconteceu comigo ou perto de mim". Posso ler uma notícia ou ouvir um relato transcontinental e "aprender" com ele. Fica a dica...

Isto posto, vamos às Lagartixas!

Lagartixas? Sim! Elas vão nos ajudar na reflexão de hoje.

Com certeza você já deve ter ouvido alguma história de traição. Nem que seja a do beijo de Judas ou o "até tu, Brutus!". Todos nós conhecemos algum fato que seria um ótimo enredo de novela ou roteiro de filme.

Trair não é algo agradável, pelo menos pra quem é traído. Sua confiança está depositada completamente em alguém e de repente, puf. Faca nas costas... Puf? Não. Tchaf é mais adequado.

Se você é um leitor que corre os olhos pelo texto procurando a parte interessante, já deve estar começando a se irritar por seu cérebro pragmático não parar de lhe perguntar "o que traição tem a ver com lagartixas?". Calma, tô chegando lá.
Se você é leitor assíduo, tá dando risada. Ou riu agora. Eu acho que lagartixas também riem, e riem por último. E no final dessa postagem, talvez você ria ou ache bom eu te chamar de lagartixa.

As lagartixas (o pragmático contou quantas vezes eu já escrevi lagartixas) principalmente as domésticas, são animais inofensivos, extremamente importantes para o equilíbrio ecológico.
E como essa da foto, parecem ser simpáticas e fotogênicas.

Elas são verdadeiras faxineiras nas nossas casas. Sua dieta consiste basicamente de tudo aquilo que faz as mulheres gritarem e que perturbam qualquer um: baratas, aranhas, escorpiões, moscas, mosquitos (dengue, inclusive) e muitos outros insetos. E de quebra, possui um senso de camuflagem muito apurado. Também é gelada e detesta calor. Comida e sombra as trazem para as nossas casas.

Mas, como qualquer ser na natureza, ela também tem predadores. Surpreendentemente, seus principais predadores tem características muito marcantes, e foi a combinação das características desse nicho ecológico que me fez enxergar uma lição espiritual muito interessante. Os caras que mais gostam de predar as lagartixas são os gatos, seguidos pelos gambás, cobras e aves, principalmente as de rapina de pequeno porte, como os mochos e os ximangos, por exemplo, já que aves domésticas como galinhas recebem comida, e não são boas com paredes, hehe.

Os gatos são muito traiçoeiros e inteligentes. Ardilosos como qualquer felino, sabem a hora exata de atacar. Rápidos, dificilmente se escapa deles.
Os gambás também tem suas artimanhas, mas quero que você se fixe no fedor, que não faz nada com a lagartixa, mas nos diz muito sobre o gambá.
As cobras e as aves de rapina dispensam apresentações... Tem 2 posts aqui no blog que dão uma visão boa sobre elas, ponho o link no final.

A nossa reflexão vai se focar na defesa da lagartixa. Quando ela se sente ameaçada, ela solta o rabo, o que além de diminuir o peso, normalmente chama a atenção do predador para o que ficou pra trás, aumentando suas chances de fuga e sobrevivência.


Quando estamos em algumas igrejas onde predomina a fofoca, às vezes o único jeito de saber quem é amigo de verdade antes de você ser devorado (traído), é dando uma de lagartixa.

A história que vou contar eu não considero um exemplo de bom comportamento pra ninguém, mas como falei lá em cima, acontece. É bom pra vermos duas coisas: a que ponto chegamos como igreja e a que ponto vamos para sobrevivermos na igreja.

Amigas de longa data conviviam numa igreja. Uma delas contava todos os segredos pra outra, mas o tempo foi passando e a primeira (que vou chamar de Jo) viu que o comportamento da segunda (que chamarei de Ane) estava um pouco estranho. Ela se queixava da igreja com frequência, e sempre, de modo que parecia inconsciente ou imperceptível, falava muito mal de alguém.

Jo decidiu então confrontar sua amiga e tentar fazer com que ela mudasse aquelas atitudes. Gastou pólvora em ximango. Então decidiu tratar um ximango como um ximango. Soltando o rabo.
Jo imaginou que da mesma forma que Ane falava dos outros pra ela, falaria dela para os outros. Contou então uma mentira cabulosa para impressionar Ane e foi até a outra pessoa envolvida e contou o plano. A terceira pessoa (que será a Kat) concordou e achou o máximo, inclusive frisando que tinha percebido o comportamento esquisito de Ane.

Não deu outra. Ane não foi falar com Kat. Espalhou a história de Jo na igreja para difamar Kat. Mas Kat tinha uma carta na manga, pois os gatos sempre caem de pé, não é mesmo?
Disse que a história era uma invenção de um outro irmão, já conhecido por contar histórias que não cheiram bem...
Quando confrontado, o gambá, quer dizer, o irmão, pôs a culpa na serpente, do mesmo jeito que Eva fez desde que o jogo de empurra foi criado.

Jô foi confrontar Ane e Kat juntas. E disse a verdade. Brigaram. Jo foi embora para outra igreja. Já não podia confiar em ninguém. As outras duas, foram procurar outras presas...

Não recomendo que você saia por aí soltando o rabo para os predadores. Mas as qualidades da lagartixa de limpar a sujeira e se camuflar são muito úteis.

Principalmente se você se camuflar na sombra do Altíssimo, bem longe dessas pessoas que vivem uma vida miserável e falsa, de pura aparência. Busque direção do Senhor para que na autoridade do Espírito Santo, você seja instrumento Dele, junto com as outras lagartixas, para limpar a igreja desse tipo de praga.
E fique frio na hora de fazer isso. Você vai precisar...

E antes que alguém especule, os nomes das personagens eu peguei da J.K. Rowling (Joanne Kathleen), pois estava lendo uma notícia sobre ela antes de começar a escrever isso aqui.

As postagens que eu falei lá em cima:


Talvez você não tenha conseguido rir no final como eu falei, mas você vai sorrir se conseguir ser uma lagartixa mobilizada para fazer o que é correto diante do Senhor e para seus irmãos. Até a próxima.

Juliano G. Leal
MARP

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